segunda-feira, 18 de novembro de 2013

(Aula 9) Muita Sede ao Pote

O que fazer quando tudo começa a dar errado?

Se você já passou por isso com certeza entende bem as complicações:
Tensão, estresse, raiva, pânico, preocupação, desânimo, aquela sensação de estar encurralado, etc.

Pessoalmente eu tento me manter calmo, prever os problemas, arriscar pouco e me poupar de problemas, porém às vezes cometo deslizes como todo ser humano. Nesses casos minha sugestão é que seja analítico do início ao fim e aproveite os problemas como uma oportunidade de jogar xadrez no tabuleiro da vida.

Vou narrar rapidamente um fato cotidiano que ocorreu comigo, algo bem semelhante ao que normalmente encontramos no tabuleiro, ou seja, tensão.

Era véspera de feriado, estava eu indo para casa depois de um dia comum de trabalho, estava muito quente e o sol torturava.

Até ali tudo sobre controle e meu dia havia sido bem tranquilo.

Estava no semáforo, o sinal abre, e claro, não via a hora de chegar em casa, ver minha esposa, filha e tomar um belo banho.

Chega minha vez na fila do trânsito, semáforo fica amarelo, acelerei o carro confiante e o carro a minha frente acelerou também, olhei para meu lado esquerdo para não tomar uma fechada, quando olho para frente o condutor que parecia que iria aproveitar o sinal amarelo não aproveitou, ficou inseguro, freou. Adivinha?

Crash!!! Bati o carro!

E ai, o que fazer?
Qual seu próximo movimento?

Next move!

De fato algo bem chato, várias questões podem surgir nesse momento:

  • Será que quebrou o carro?
  • Será que alguém se machucou?
  • Será que vou gastar muito dinheiro?
  • Será que o condutor é compreensivo?
  • Será?
  • Será?...
Vale lembrar que desespero, raiva e choradeira não ajudam nesses momentos!

A vida quer jogar e solicita imediatamente sua presença. Tabuleiro armado é hora de jogar xadrez.

Fight!

Revendo o fato:
Fiquei ansioso e cometi um erro grave, bati o carro. Foi como levar um xeque da vida!
Hora de respirar fundo, computar as perdas, assumir o prejuízo e ver o que é possível fazer, ou seja, achar a melhor solução possível.

Antes de tudo, é bom frisar o seguinte:

No xadrez temos regras claras, não adiantaria nada imaginar uma solução onde o cavalo anda em diagonal, por exemplo, é preciso ser coerente. Já na vida existem as regras legais, ou seja, o que a lei determina, além das regras pessoais de cada um. Honestidade, por exemplo, é a minha regra pessoal, então bater no carro de alguém e não assumir o prejuízo não faz parte de minha índole. Não deveria fazer parte da índole de ninguém.

Posso afirmar com tranquilidade que tirar o que é do outro, dar calote ou não assumir suas dívidas só serve para acelerar o seu fracasso e te distanciar de uma vida equilibrada, próspera e positiva. A trapaça é a jogada dos tolos.

Esse era um prejuízo que na minha cabeça já assumi como certo. O raciocínio é simples: Se quebrei eu pago e fim de papo!

Porém, por sorte e por incrível que pareça não aconteceu nada com o automóvel que bati. Já o meu foi danificado, entortou a barra de direção. Aqui até fiquei feliz, o prejuízo não seria tão grande, foi mais como perder um ou dois peões, ou seja, ainda estava no jogo.

E a vida fez sua próxima jogada...

Outra dificuldade, horário de pico, carros buzinando, condutores sem paciência e eu com muito sacrifício, pisca alerta ligado, consegui levar meu carro até uma rua que tinha, a princípio, várias mecânicas.
Mais um ponto para mim, consegui economizar no guincho. Foi como livrar o meu Rei do xeque.

E a vida faz mais uma bela jogada...

Para "ajudar", as mecânicas estavam fechadas, o expediente estava encerrado, porém me lembrei de uma mecânica e resolvi arriscar. Chegando vi que o dono da mecânica estava no local, conversei com ele e me ajudou prontamente. No xadrez às vezes é necessário assumir riscos, mas claro, riscos calculados, a todo o momento a balança do “custo benefício” deve estar presente em cada movimento que fazemos.

Senti que estava ganhando posição, começando a reverter o jogo!

Deixei o carro na mecânica e fui de ônibus para casa.

Fim de jogo.

Foi como estar pressionado, enfrentando um oponente bem mais forte, muitas baixas, xeque mate iminente e numa jogada de mestre, fria e calculada, cravar o empate.

Levantar da mesa da vida de cabeça erguida, sabendo que jogou o jogo com honestidade, como um homem de verdade, não tem preço.

Esse é apenas um dos milhares de incidentes que podem ocorrer na vida de qualquer um.
O mais importante é manter a calma, parar de imaginar bobagens e ser racional.

No jogo abaixo ocorreu algo parecido, eu estava cansado, cometi erros bobos e fiquei pressionado pelo adversário.

O xeque-mate parecia próximo, mas o inesperado acontece... uma inestimável lição para mim e meu adversário.

"Aquele que tiver paciência terá o que deseja." (Benjamim Franklin)