quinta-feira, 31 de outubro de 2013

(Aula 8) Controle Central

Era uma vez...

Trimmmm! Trimmmm!

Toca o sinal e Joãozinho sai correndo faminto para mais um intervalo, abre sua lancheira desesperadamente, parece que não come a dias. Sua mãe não o desapontou, é um belo lanche de presunto com queijo, que delícia!

Quando vai dar a primeira mordida eis que surge em sua frente desfilando como um anjo a sua amada, que linda é a Maria, Joãozinho até esquece sua fome e em transe viaja em seus pensamentos. Como seria bom namorar Maria.

Maria é alegre, sempre cercada pelos garotos mais populares da escola, e João pensa:

_ Esse mundo não é justo.

Porém Joãozinho como um bom jogador de xadrez que é, analisa a situação de forma mais racional e pragmática e pensa:

_ E se eu imaginar que a Maria é meu objetivo, ela seria o Rei que devo capturar e a escola é o tabuleiro e esses garotos que a cercam são as peças adversárias... Qual seria meu próximo movimento? Preciso pensar em um lance à moda Kasparov e Maria será minha.

Joãozinho continua pensando e formula sua grande teoria:

_ Aprendi que o segredo esta em dominar o centro, talvez eu devesse me posicionar melhor, aparecer e mostrar que sou interessante, inteligente e divertido. Assim dominaria o centro das atenções de Maria e nessa posição teria uma visão privilegiada sobre os pontos fortes e fracos de meus concorrentes. Poderia facilmente mostrar minhas qualidades e antecipar todos os movimentos, essa será minha estratégia. Sou um gênio!

É isso ai, Joãozinho criou coragem e esta confiante. Ninguém segura esse garoto!

E lá esta Maria rindo e conversando. Quando de repente ela olha para o lado e observa Joãozinho se aproximando. Joãozinho percebe que ela fitou o olhar e ganha moral.

_ Chegou a hora de arrasar!

Quando esta se aproximando seu amigo Timóteo grita:

_ Fala aê Brow!

Joãozinho olha seu brother e o cumprimenta a distância.

_ Olha Joãozinho!

Mas que azar meu amigo! Não observou que a sua frente havia uma casca de banana...?

Escorrega o pé direito, da uma cambalhota e cai sentado na poça d’água. O mico do ano, de galã a palhaço de circo. Que destino cruel. Joãozinho não merecia isso.

Maria e todos seus amigos caem na risada, é show de gargalhadas hahaha kkkk hauauashua hahaha.

O sinal toca e é hora de voltar à sala de aula.

Moral da história...

Como na vida, no xadrez não é possível prever todos os lances, portanto, não subestime seu adversário e esteja atento aos imprevistos, é importante ter um plano B ou reunir-se de táticas que te permita formular rapidamente uma solução plausível.

De qualquer forma Joãozinho estava no caminho certo no que diz respeito ao xadrez, dominar o centro do tabuleiro é uma ótima estratégia de combate, já que permite reduzir a mobilidade das peças adversárias, pressionar de forma mais eficiente, dividir o território do oponente e possibilitar ataques alternados aos flancos inimigos.

No vídeo abaixo discutirei um pouco mais sobre formas de se dominar o centro e adquirir vantagem no jogo.

"Um homem esperto cria mais oportunidades do que encontra." (Francis Bacon)

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

(Aula 7) Jogue com objetividade

Se alguém me perguntasse: O que é preciso para se conquistar algo na vida?

Dentre as qualidades necessárias, com certeza foco e objetividade eu colocaria no topo da lista.

As pessoas desejam muitas coisas, querem passar no vestibular, concurso, querem um carro do ano, arrumar um trabalho melhor, casar, namorar, etc. Por que então elas não focam em ações que as levam de encontro aos seus desejos?

Por exemplo, se quero passar no vestibular então devo estudar, devo comprar bons livros, etc., se quero arrumar um bom emprego vou me qualificar e vou procurar um emprego melhor, etc. Porém é comum observar as pessoas fazendo completamente o contrário daquilo que as deixaria mais próxima de seus sonhos.

A pessoa quer um bom emprego, mas não estuda, quer um carro do ano, mas não trabalha, quer ser querido por todos mas só sabe aborrecer, quer um(a) namorado(a), mas não se preocupa em ser uma pessoa atraente, quer ser inteligente, mas não preenche seu cérebro com boas ideias, quer ser rico, mas só pensa em pobreza ou pensa em coisas negativas, quer ser saudável, mas fuma e bebe, etc...

É claro que se fizermos coisas que não estão em harmonia com aquilo que queremos, matematicamente falando, as chances de conseguir o que se quer diminui drasticamente.

Como na vida, no xadrez é igual. O grande objetivo do jogo é o xeque-mate, não se pode perder esse objetivo da mente. Claro que as oportunidades que possam surgir devem ser aproveitadas, mas se isso irá te tirar do objetivo final deve-se ponderar sobre a importância de tal jogada.

Já assisti muitos jogos de xadrez que o jogador se preocupa em torturar o adversário pegando todas as suas peças e de repente, um único vacilo, acaba por perder ou empatar o jogo. Esse é um tipo claro de jogador que não tem foco e objetividade.

Nós seres humanos parecemos ter uma tendência natural para se deixar ser seduzido por coisas irrelevantes, durante o jogo temos que tentar frear essas vontades e inclusive usar essa característica a nosso favor.

Embora seja um jogo que valoriza muito a lógica, ainda assim temos as emoções mescladas com nossas ações e fazendo muitas vezes nos distanciar daquilo que queremos, que é ganhar o jogo.

Lembre-se disso durantes seus jogos: Estou agindo assim por que é o melhor a se fazer para atingir meu objetivo ou estou agindo assim para saciar outro desejo paralelo que não é essencial?

Quando não somos objetivos durante o jogo corremos o grande risco de dar tempo ao adversário e cada vez mais nos distanciamos do xeque-mate.

"A percepção é forte e a visão é fraca. Em estratégia, é importante ver o que está distante como se estivesse próximo e ter uma visão distanciada do que está próximo." (Miyamoto Musashi)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

(Aula 6) A arte de saber quando trocar peças

Pense no seguinte:

O Sr. Fulano tinha o sonho de montar uma pastelaria. Um dia com muito esforço consegue com suas economias dar andamento ao seu projeto. Eis que surge na Rua 10 a pastelaria "Império do Pastel da Família Fulano".

O dinheiro entrando, muitos clientes, tudo dando certo, indo de vento em popa e o sonho de ficar rico cada vez mais próximo. Que maravilha, como é bom quando tudo da certo!

Um belo dia, no mesmo quarteirão da pastelaria do Sr. Fulano surge uma placa, "Em breve McCiclano". Nesse momento o Sr. Fulano fica um pouco tenso, preocupado, mas ao mesmo tempo ele pensa:
Todos amam os pasteis da família Fulano, não tenho com que me preocupar!

Dois meses depois é inaugurado o McCiclano, a surpresa, uma mega lanchonete de uma grande franquia. Fazem pasteis, lanches, tem sorvetes, sucos exóticos, música ambiente, etc.

Em pouco tempo o Sr. Fulano vê seus clientes sumindo e o pânico bate a porta. E agora?

O Sr Fulano cometeu vários erros, dentre eles podemos citar:

  • Subestimou seu concorrente
  • Não planejou estratégias para uma possível competição de mercado
  • Se acomodou
  • Excesso de confiança
  • ...
Ok, foram vários erros, mas como podemos ajudar o Sr. Fulano? Alguma ideia?

Soluções:

Vender seus bens ou pedir um empréstimo ao banco para tentar melhorar seu negócio e competir com o McCiclano?
Tentar vender seu negócio para o McCiclano?
Fechar seu negócio e buscar outro local com menos concorrência?
Mudar de ramo?

Problemas e mais problemas, muitas questões, não acha?

No xadrez também podemos ter várias questões difíceis e muito parecidas com essa. Saber qual é a melhor alternativa é difícil, só nos resta ouvir a voz da razão e testar.

Se cometemos um erro na abertura, como tratar esse erro?
Se estamos sendo pressionados, que postura tomar?
Se o oponente esta mais forte em certa posição, o que fazer?
Se alguma perda é inevitável, vale a pena investir recursos?

A melhor solução para essas singelas perguntas pode diferenciar um mestre do aprendiz. Soluções, técnicas a se empregar, a lógica, a criatividade, a experiência, use tudo que tem e tente tomar a melhor decisão. No xadrez você é o Rei e o seu império depende de sua capacidade de decidir e resolver problemas com sabedoria.

Aproveite seu tabuleiro de xadrez para tentar resolver os problemas com criatividade, imagine que o tabuleiro é uma arena em que os problemas da realidade podem ser simulados e testados. A lógica usada no xadrez é muito parecida ou até igual a lógica utilizada na vida.

Vida longa ao Rei!

"Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas..." (Sun Tzu em "A arte da Guerra")